sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Cadê a Oposição?


Desde que assumiu a prefeitura, não teve oposição dos partidos políticos. Seria natural que a sofresse, vinda de dentro e fora da Câmara de Vereadores. Aliás, estes estão lá, entre outras coisas, para fiscalizar Executivo e Legislativo. Não me refiro à oposição destrutiva, mas construtiva: políticos que criticassem, debatessem, apontassem problemas, cobrassem soluções e posturas.
Quem sabe algum dos postulantes a prefeitura, algum deles sabe?
Não sabe, pois não há Oposição de fato.
Em geral os partidos não possuem visão estratégica da cidade. Se possuem, não a verbalizam. Por tabela, a imprensa não debate os conflitos e a sociedade não se enriquece com as discussões nem é motivada a ter voz. Fica cada um no seu quadrado, como diz a música.
A imprensa, em geral, também não parece muito interessada em detonar o processo de debate e de mobilização. Não como poderia.
Há Oposição no Congresso, em Brasília. Há Oposição nas Assembléias Legislativas e nas Câmaras de Vereadores que se levam a sério. E aqui????........
Por aqui , a maioria dos vereadores não pratica o salutar hábito de ser Oposição; falo de oposição em torno de ideias, de programas de governo, sem moeda de troca por cargos.
Na prática, vão lá, representam um teatro, pegam o salário no fim do mês e fica tudo por isso mesmo. Vários, como se sabe, têm direito a cargos para parentes e cabos eleitorais na prefeitura, que deveriam fiscalizar. Como a renovação eleitoral da Casa tem sido pequena, a maioria parece mais que acomodada.
É lamentável, mas é assim.
Por isso não temos debates enriquecedores na Câmara, não temos grandes oradores. Se existem, escondem-se sob a conveniente fina educação, levando-a ao limite do absurdo, já que a natureza dos parlamentos e da política é o confronto e o enfrentamento das questões, rumo ao entendimento possí-
vel que beneficie da melhor maneira a sociedade.
Oposição, porém, só em época de eleição. E, de novo, costuma ser desqualificada, puro teatro. Será diferente em 2012?
Vários de nossos políticos exploram a pobreza e ignorância.
Alguns são eleitos ao prestar, por conta própria, serviços que o Estado não cumpre como deveria. É como no Rio de Janeiro, só em escala menor. Se lá a ausência do Estado abre flancos para a máfia do jogo do bicho e os traficantes, nos por aqui o que mais atrai são políticos de baixíssimo clero, concentrados na própria sobrevivência financeira.
Muitos não têm sequer profissão. Estamos vivendo um quadro triste - uma indigência brutal.
Se você reclamar perto deles, eles te olham parecendo pensar: "Deixa de ser chato, meu, a vida adulta é assim mesmo...uma farsa".
Parecemos sofrer de um pacto implícito de silêncio travestido de "boa educação", para que nada mude e evolua. Tudo que os artífices desse pacto querem é que ninguém erga a voz para dizer que o rei está nu.
Se em 2012 a sociedade não acordar, se não surgirem novas lideranças preparadas e éticas, se a sociedade e a imprensa não vigiarem, aqueles serão eleitos de novo. seguiremos então, em matéria de políticos e de política, fora as exceções, uma cidade de quinta.

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